OS
GRANDES PERDEDORES
ZIZINHO
Quando
menino meu pai (tricolor) dizia que Pelé havia sido o maior jogador de futebol
que tinha visto jogar, mas que não tinha toda a certeza disso porque houve um
jogador chamado Zizinho, que por sinal era o ídolo do rei Pelé e de muita gente
boa. Meu pai dizia que Zizinho ou Mestre Ziza era um eterno condenado e sem
prescrição da pena, ele, ao lado do goleiro Barbosa, eram os líderes de toda
uma geração de condenados, os “perdedores” da Copa de 50.
Mestre
Ziza foi um gênio de futebol, entretanto carregou o gosto amargo da derrota em
casa na final da copa de 1950. O pior é que depois disso, ainda teve que pagar
um alto preço por liderar um protesto, que culminou com seu afastamento de
novas convocações do escrete canarinho, mas talvez a seleção do Brasil tenha se
saído pior nesta história, pois abrir mão de um talento como aquele tem muito a
ver com a insensatez que reinava e ainda reina nos meandros do poder do futebol
brasileiro.
Já
no final de carreira quando jogava no Bangu, foi contratado pelo São Paulo e
aos 37 anos, liderou o time rumo ao título do campeonato paulista.
Em
entrevista mais recente, ele disse que após a convocação de todos os jogadores
para a copa de 1958, ligaram para ele e fizeram um convite para que ele fosse a
copa da Suécia comandar a seleção em campo, mas educadamente ele recusou, disse
não achar justo tirar a vaga de alguém que já estava sonhando com a
participação na copa, o jovem Moacir.
Justo,
ético e humano, só mesmo um gênio para praticar um gesto de nobreza e altruísmo
como esse, algo raríssimo nos dias de hoje, coisas de uma época mais romântica
do fuebol.
Zizinho foi considerado o melhor jogador da copa de 1950 e um dos
maiores de todos os tempos.
PUSKAS
O
major galopante foi o grande líder do grande time do Honved e da seleção
húngara a inesquecível e quase invencível “magiar”.
Um
time quase perfeito que tocava a bola com rapidez e objetividade
impressionante. Muitos dizem que foram eles que inventaram o aquecimento antes
das partidas, e que por isso entravam em campo a 1000 por hora e decidiam as
partidas nos minutos iniciais, pois enquanto os adversários precisavam de um
tempo para aquecer, eles já entravam em ponto de ebulição e isso fazia uma
enorme diferença.
Ficaram
por longos anos invictos e foram perdê-la justamente na final da copa do mundo
de 1954, ficando com o vice após derrota por 3x2 para os alemães ocidentais,
num jogo que ficou conhecido como a “batalha de berna”, pela sua dramaticidade.
Puskas
sofreu uma entrada violenta no segundo jogo da copa, justamente contra os mesmos
alemães ocidentais, ainda na primeira fase, quando venceram por 8x3. Essa
contusão tirou-o de quase toda a copa, só retornando na final, quando fez o que
seria o gol de empate (3x3) e que foi infelizmente anulado pelo árbitro.
Puskas
ainda fez muito sucesso no futebol, desfilando sua enorme categoria e precisão,
jogando pelo Real Madri na Espanha, também deu ares de sua graça atuando pela
fúria espanhola após ter se naturalizado, em razão de problemas políticos
internos e gravíssimos na Hungria que o obrigou a se asilar em outro País.
O
canhotinha foi um dos maiores jogadores de todos os tempo e possui um recorde
que nem Pelé tem, o de maior artilheiro de seleções nacionais em jogos oficiais
com 84 gols em 85 jogos.
Puskas é o melhor jogador húngaro de todos os tempos e é considerado
um dos maiores jogadores de futebol do mundo de todos os tempos.
CRUYFF
Foi
o revolucionário do futebol, o maestro da laranja mecânica, nome dado ao time
holandês durante a copa de 1974. Uma equipe que mudou conceitos futebolísticos
e que nunca mais o mundo viu nada parecido.
Cruyff
era jogador de todo o campo, buscava a bola lá atrás e a levava até a outra
área com enorme facilidade e sem frescuras. Era difícil definir em que posição Cruyff
jogava, tal sua impressionante movimentação por todos os espaços e sua
capacidade de executar funções distintas.
Corpo
esguio e elegante, se destacava num grupo de virtuoses, no meio de várias feras
ele era a “FERA”.
Cruyff
colocou, juntamente com seus companheiros, a Holanda no mapa do futebol, nunca
antes nem depois se formou uma equipe nas terras baixas com tamanha qualidade e
capacidade de enfeitiçar os torcedores.
Cruyff
não venceu a única copa que participou, pois perdeu a final para a Alemanha
ocidental, mas ninguém que presenciou aqueles 7 jogos dos laranjas, jamais vai esquecê-lo.
Ele
ainda jogou no Barcelona e nos Estados Unidos, de volta para a Holanda encerrou
a carreira passando pelo Ajax e Feyernood.
Cruyff foi o maior jogador holandês de todos os tempos e um dos
melhores do mundo.
ZICO
Foi
o craque da melhor seleção pós 70 (era Pelé), aquela que encantou o mundo na
Copa da Espanha em 1982. Seleção que ficou conhecida pelo jogo fácil e
envolvente, de movimentação constante, posse de bola e belíssimos gols, uma
pequena amostra do que se convencionou chamar de futebol arte.
Zico
era craque, arco e flecha, aquele que arma no meio de campo e corre até a área
para concluir com perfeição.
Zico
tinha a facilidade do drible, a visão do campo e do jogo privilegiada, a
capacidade de conclusão apurada e o passe como suas maiores qualidades. Apesar
de ser um artilheiro mortal, ele não esquecia dos companheiros e não se cansava
de dar passes milimétricos para que marcassem seus gols.
Zico
foi senhor do mundo, rei na Itália e Deus no Japão, ídolo do esporte e pessoa
admirada pelo futebol e pelo caráter fora das quatro linhas.
O
futebol foi sua forma de se expressar, de mostrar ao mundo todo o seu talento e
seu profissionalismo.
Zico foi o maior artilheiro do Flamengo e do Maracanã e o maior
jogador de futebol brasileiro pós Pelé e um dos maiores do mundo.
PLATINI
Foi
o comandante da maior geração de futebol francês de todos os tempos.
Capitaneava um grupo que tinha ninguém menos do que Giresse e Tigana como
companheiros e coadjuvantes.
Esse
grupo apresentava um futebol refinado e de toques precisos e de alta categoria.
Pareciam não fazer esforço para jogar bola. Apesar de não terem vencido uma Copa
do Mundo não há como esquecer as lindas apresentações que fizeram
principalmente em 1982. Pena não termos presenciado uma final entre a França e
o Brasil naquela Copa, seria uma ode ao futebol arte.
Platini
tinha extrema classe e categoria que era demonstrada quando se relacionava com
a bola. Simplificava o que aparentemente era difícilimo no jogo e o fazia com
tal qualidade que fazia parecer a coisa mais simples e possível a qualquer
mortal.
Jogou
3 copas do mundo e encantou nas copas de 82 e 86, apesar de ter sido eliminado
pela mesma Alemanha nas duas ocasiões, mas nada disso foi capaz de apagar seu
brilho.
Iluminou
os gramados italianos quando comandou a Juventus e foi eleito o melhor jogador
europeu por 3 vezes consecutivas.
Eu não tenho dúvidas em afirmar que ele foi o maior jogador da
França de todos os tempos com sobras e um dos mais clássicos do mundo.
O que todos
estes supercraques tem em comum?
Todos
foram mestres da coletividade sem abandonar e exprimir suas potencialidades individuais.
Todos
eles foram legítimos representantes do futebol arte;
Todos
eram os líderes incontestáveis de suas equipes.
O
futebol bem jogado por eles está acima de qualquer suspeita e que nem mesmo o título
de campeão do mundo que eles tanto desejaram e não conquistaram não apagou todo
o legado que eles deixaram ao redor do mundo.
O
mais intrigante disto tudo é que todos eles são mais lembrados do que muitos
vencedores de Copa e são respeitados em todo o mundo como grandes do futebol mesmo
sem ter alcançado a sua maior glória.
Pena
da Copa do Mundo!
Um
forte abraço
Serginho5Bocassergio5bocas@gmail.com
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