Batendo Boca com o 5Bocas

quarta-feira, junho 30, 2004

Perfil II

O GALINHO DE QUINTINO

Arthur Antunes Coimbra ou simplesmente Zico, foi criado em quintino , mais reinou na gávea, no rio de janeiro, no Brasil, na Itália e no Japão. Falar do extra classe Zico é "chover no molhado", diante de inúmeros artigos, perfis e homenagens que já foram feitas para ele, sendo assim, tentaremos simplificar a questão.

NÚMEROS
Zico foi o rei do maracanã, lá onde ninguém marcou mais do que ele,fez 333 gols. Foi também o maior goleador do Flamengo, pois com a camisa do mengão marcou 508 gols em 731 jogos, e é o terceiro maior artilheiro da seleção brasileira com 66 gols em 93 partidas. Em 1979 obteve sua melhor performance com 81 gols em 70 jogos pelo flamengo, mais 7 gols pela seleção brasileira e outros em amistosos. Na Itália fez 57 gols pela Udinese e no Japão fez outros 54 atuando no Sumitomo e no Kashima Antlers. No total como profissional Zico marcou 701 gols. Foi artilheiro do carioca por 6 vezes, do brasileiro duas e uma da libertadores, e de quebra é um dos dois maiores artilheiros da seleção em uma única partida com 5 gols em 1979 numa partida não oficial, igualando o recorde de Evaristo de Macedo.

MENGÃO E SELEÇÃO
Zico teve toda sorte de títulos vestindo a camisa rubro-negra, sendo o grande responsável pela melhor fase do clube em âmbito nacional e internacional. Seu legado incluem todos os títulos que um clube podia ganhar na época em que atuou, para se ter uma idéia da grandeza, quando o flamengo ganhou o mundial interclubes em 1981, somente o santos havia ganho também, e até hoje, só o Grêmio e o São Paulo igualaram a façanha . O flamengo era o time mais temido do Brasil, e Zico foi o mais amado da mais querida do Brasil.

Pela seleção brasileira não foi tão feliz, e logo na primeira experiência, foi cortado da seleção que embracou para a olimpíadas de Munique em 1972, mesmo tendo marcado o gol que classificou o Brasil contra a Argentina no pré-olimpíco. Depois apesar de ter feito ótimas temporadas em 74 e 75, Zico só foi convocado pela primeira vez em 1976, estreando contra o Uruguai e marcando seu primeiro gol de falta com a amarelinha, isso já com quase 23 anos, e para se ter uma idéia do que foi o feito, o Brasil nunca mais venceu em Montividéu. Veio então o mundial de 1978 e apesar de ter no grupo Rivelino que já estava em seu terceiro mundial, Zico já sofria uma cobrança terrível da imprensa bairrista paulistana, e fez um péssimo mundial, mundial que ele acabou sofrendo uma distensão muscular contra a Polônia, quando parecia começar a recuperar seu futebol majestoso.

Zico em 79 começou a sua redenção particular, e a fazer grandes exibições com a camisa amarelinha e até mesmo pela seleção da FIFA quando foi considerado o melhor jogador de um amistoso contra a Argentina campeão do mundo reforçada com Maradona. Então veio o mundial de 1982, e mesmo fazendo parte de um grupo espetacular, sofreu sua única derrota em copas do mundo, talvez a mais dolorosa. Zico ficou afastado da seleção até 1985, quando voltou já nas eliminatórias com grandes atuações, e parecia que a copa do México em 1986 seria finalmente sua. Entretanto ele sofreu a sua pior contusão ainda em 1985, e esta impediu-o de exibir seu melhor futebol na copa de 1986, onde chegou contundido. Zico acabou perdendo um penalti contra a França, fato que o estigmatizou como perdedor com a amarelinha, um grande fardo que carrega até hoje infelizmente.

BALANÇO
Zico foi a 3 copas do mundo e jogou 14 partidas nelas, tendo marcado 5 gols, e perdeu apenas uma no tempo regulamentar, a apesar disso, conquistou apenas um terceiro lugar em 1978, e uma chuteira de bronze como terceiro artilheiro da copa de 1982. Jogou pela seleção 93 partidas com apenas 3 derrotas. Se numericamente é incrível como a má-sorte lhe acompanhou com a amarelinha, é muito mais impressionante constatar que inúmeros jogadores que perderam muito com a camisa amarela, tiveram por exemplo o gosto de vencer uma copa do mundo, vide as elminatórias para a copa de 2002, mas ainda assim, mesmo sem vencer, ele está em boa companhia. Quer saber, acho que na verdade, não foi o Zico que não teve sorte de ganha-la, a copa do mundo é que deu azar em não ver o Zico vence-la, parafraseando Fernando Calazans.

Contudo, o mais intrigante, é que em nenhuma das copas que ví Zico jogar, nunca fomos piores em campo, e isso é o que mais dói. Sempre perdemos com drama, pois em todas elas éramos os favoritos de fato e de juízo. Talvez fosse melhor, se tivessemos perdido feio para alguma dessas seleções que enfrentamos, assim, não restaria dúvida de que Zico foi um produto da presunção rubro-negra, e não um dos maiores gênios do futebol de todos os tempos, como ficou comprovado em inúmeras eleições de craques do século feitas recentemente.

Hoje afirmo que devolveria todos os títulos que ele nos proporcionou no flamengo, por apenas um mundial para ele, tal foi, e é minha idolatria pelo galinho. Sempre disse e continuo a afirmar, acho que nunca fui muito flamengo, sempre fui muito mais Zico.

O LEGADO
Zico deixou uma imagem de profissional exemplar, de atleta dedicado e companheiro, humilde ao extremo, inclusive atuando no sindicato da classe em sua época de jogador, mas seu maior legado talvez tenha sido sua arte e magia com a bola, sua alegria ao marcar um gol, comemorando sempre junto a sua galera, nunca indo provocar a torcida rival, mesmo quando ofendido. Foi talvez o maior batedor de faltas de todos os tempos, pois não sei de ninguém que tenha feito mais tentos do que ele nesta modalidade. Mais Zico foi muito mais, Zico aproximou classes sociais, derrubou tabus e estatísticas desfavoráveis, e além proporcionar o orgulho de ser rubro-negro, nos deu os títulos que tanto almejavamos para nos elevar a condição de nação.

Obrigado pra sempre galinho !