Batendo Boca com o 5Bocas

sexta-feira, julho 30, 2004

Da tumba do 5BOCAS IV

Um lobo com sorte

O futebol brasileiro sempre foi rico em talentos dentro do campo. O esporte que sempre concebeu craques de brilho intenso, nem sempre foi tão generoso quando o assunto é treinador.
Apesar de já termos presenciado muita gente boa por trás das quatro linhas, hoje estamos cheio de professores, mestres da bola, que passam a maior parte do tempo a beira do campo gritando pra ninguém ouvir, ao invés de investirem seu tempo no treinamento da semana e no intervalo do jogo.
Um destes mestres é Zagallo.
Ele que foi jogador, e apesar de ter jogado numa época que consideram prodigiosa e vencedora, e de ter feito parte de equipes imbátiveis, nunca vi ou ouvi falar de um vídeo seu marcando um golaço ou dando um drible descorcentante num adversário.
Zagallo sempre teve muita sorte e oportunidades, que aliás foram muito bem aproveitadas. Dizem que seria reserva em duas copas, e em ambas ganhou a vaga sem ter esforço. Em 1958, canhoteiro se contundiu antes da copa e nem chegou a viajar, cedendo a vaga para Pepe que ficou na reserva do lobo. Já em 62, Pepe era o titular e ao chegar no Chile, também se contundiu, perdendo sua vaga para Zagallo, como na copa anterior. E nas duas esteve acompanhado do Pelé e de Garrincha, acho que basta.
Como treinador recebeu a seleção já classificada para a copa de 70 por João Saldanha, e mudou algumas peças que o levaria ao apogeu com o tri- campeonato.
Depois ele comandou a seleção de 74, e desta vez sem o negão (Pelé), a situação foi muito complicada. Classificou na primeira fase da copa pelo saldo de gols, e depois na segunda fase ficou marcado pela forma pejorativa como tratou os holandeses, chamando a laranja mecânica de "crush", numa alusão a um refrigerante comum vendido na época. Os holandeses passaram por cima de nosso escrete como um rolo compressor, e a partir dali o velho lobo parecia fadado ao ostracismo.
Entretanto, quase 20 anos depois. Após muitas equipes treinadas sob a pecha de retranqueiro, Zagallo foi parar novamente na seleção, aceitando um convite de Parreira para ser coordenador, e vence a copa dos USA.
Pronto ! Começava ali a redenção do lobo com sorte, Zagallo passou a se intitular único ser humano campeão do mundo quatro vezes, como coisa que outras espécies animais (macaco, cachorro, etc...), são campeãs mundiais de alguma coisa. Ganhou espaço na mídia e vive dizendo que vão ter que engoli-lo, cada vez que vence alguma competição.
Pelo tempo que ele fala isso, já teríamos que concordar que ele é um excelente profissional do futebol, mas teimo em refugar esta teoria, e fico com minha de que ele é um lobo com sorte . Muita sorte !!

COPA AMERICA 2004 - GANHAR SEM MAGIA

Ganhar sem magia !
Parabéns !
O Brasil venceu a Argentina e tornou-se campeão da Copa América de 2004. Justo não foi, mas quem se importa ? Assim como contra o Uruguai na semifinal, quando vencemos nos pênaltis, fomos sufocados. Todos sabiam que seríamos marcados assim, menos o nosso treinador.


Para o Parreira e o Zagallo, e para a maioria dos torcedores, somos os bons, pois ganhamos. Cada um que ponha sua venda nos olhos, e saia gritando pelas ruas, façam carnaval,... É até engraçado falar isso, parece que sou do contra, mas a realidade é que não consigo me empolgar com nossa seleção, digo, com qualquer seleção do Parreira. A verdade é que faz tempo que temos vencido pelo talento individual de alguns jogadores, e uma boa dose de sorte, e não por um esquema de jogo.

Ontem foi a Argentina que teve muito mais posse de bola, e apesar de não chegar tantas vezes assim a nossa meta, levou muito mais perigo para o Julio César do que nossos atacantes ao gol argentino. Deve ter sido doloroso para os hermanos perderem para nós, sempre é, mas ontem, putz !

Recentemente Ronaldo salvou a nossa pele no último confronto das eliminatórias (3x0). Neste jogo, o fenômeno, "bagunçou" a zaga deles, e enfiou os três gols de pênaltis. Nesta partida também estávamos muito pior em campo, mas tínhamos Ronaldo, que fez a diferença. Ainda bem que temos Ronaldo, igual na copa de 94, quando tinhamos o Romário e o Bebeto infernais, pois aquela dupla livrava sempre a cara do meio de campo, que por sua vez, não existia. E é dessa forma que o professor Parreira sempre se safa e se perpetua no cargo. Juro que não sou feliz com essas seleções vencedoras, queria ser...Não é nossa natureza, o brasileiro em sua essência gosta de arte, de magia.

Sou de uma época perdedora, mas mágica. Uma era que tínhamos o orgulho de ser os melhores, de sermos temidos, mas que também éramos humanos e vencíveis. Um hiato de glórias doloroso para nosso País. Contudo, mesmo na derrota, não havia dúvidas sobre quem era o melhor.
Agora é bom esclarecer que sempre fomos, e acredito que continuaremos a ser os melhores individualmente, mas é sensato lembrar que estamos falando de um esporte coletivo, e não basta sorte e vencer, para contentamento.

Queria poder voltar a ter a alegria de ir aos estádios ver o genuíno futebol brasileiro.