Batendo Boca com o 5Bocas

sexta-feira, agosto 06, 2004

Causos das Copas III

1986 – Copa do México


Ainda na fase de preparação para a copa, Renato gaúcho e seus companheiros saíram pela noite de Belo horizonte e chegaram muito tarde na concentração. Como haviam passado do horário estabelecido por Telê, quase todos pularam o muro (temendo algum tipo de punição, já que Telê era muito rígido), exceto Leandro que estava completamente embriagado e Renato, que resolveu ajudar o amigo, que não tinha condições de pula-lo.

Os seguranças avisaram Telê no dia seguinte, e este cortou Renato logo que soube da notícia, sem se importar com a excelente fase que o craque apresentava. Em reunião as portas fechadas, o grupo pediu para Telê dar uma outra chance a Renato, e este o fez. Porém, quando saiu a lista definitiva de quem iria para a copa, o nome de Renato gaúcho não constava na mesma, numa clara retaliação a atitude irresponsável do ponteiro.
Leandro não apareceu no saguão do aeroporto para embarcar para o México, deixando todos em pânico. Junior e Zico foram até seu apartamento para tentar convence-lo de voltar atrás sem sucesso, e numa atitude de companheirismo, Leandro entrou para história do futebol brasileiro por dispensar a participação no seu segundo mundial.
Na época, em entrevista coletiva, Leandro disse que pediu a dispensa porque não suportaria os constantes vaivéns que a posição exigia, e que se Telê o levasse como zagueiro ele iria. Na verdade, Leandro não foi porque estava com Renato naquela fatídica noite, e acreditava que também tinha culpa no episódio. Então porque culpar um só ? Naquele dia em que todos os outros companheiros se esconderam, ele assumiu sua parcela de culpa e deu uma das maiores provas de amizade já vista nos campos.
E para nossa infelicidade este episódio tirou de uma só vez, dois jogadores foras-de-série de um grupo que com certeza poderia ter ido um pouco mais longe se pudesse contar com ambos.

Causos das Copas II

1990 / 1994 – Copa da Itália e dos Estados Unidos


O Brasil em 1990 jogou com uma formação de vanguarda para os padrões brasileiros, atuava com 3 zagueiros, uma inovação que o técnico Sebastião Lazaroni tentou implantar sem êxito. Mozer, Mauro Galvão e Ricardo Gomes formavam uma zaga de respeito no papel. Na prática porém não foi isso tudo, houve falha de Mozer contra a Suécia no gol de Brolin na primeira fase, e principalmente no gol da Argentina nas oitavas de final, quando Maradona driblou todo mundo, e o Brasil tinha Ricardo Rocha no lugar de Mozer que não ia bem. Apesar da qualidade técnica dos zagueiros, ficou uma dívida que eles prometeram "pagar" na próxima copa, a de 1994.

Mauro Galvão não foi chamado nem para as eliminatórias, pois estava confinado no time do Lugano, da distante Suiça, dificultando ser observado. Mozer mais uma vez foi traído pelos músculos, e como em 1986, foi substituído bem pertinho da copa. Assim, somente os dois Ricardos (Gomes e Rocha), conseguiram chegar bem próximo do objetivo.
Entretanto, o destino pregou outra peça nos craques, e depois da frustração de Mozer, Ricardo Gomes também se contundiu um pouco antes da copa começar e teve que voltar, e Ricardo Rocha chegou a jogar contra a União Soviética, mas também se contundiu, numa sequência inacreditável de contusões no setor defensivo.
Fim da linha, os campeões do mundo foram Aldair e Marcio Santos, com Ronaldão e Ricardo Rocha no banco de reservas, apesar deste último estar contundido e ter ficado no grupo para dar apoio emocional e motivacional, em função de sua liderança com o grupo.
Em suma, copa do mundo é fogo, tem que jogar muito para ser lembrado, e uma reza muito forte para não ser cortado. Assim, nem sempre podemos fazer planos a longo prazo.