CAMPEÕES DA COPA AMÉRICA E
O FUTEBOL BRASILEIRO
17 de julho 2015
Há poucos dias terminou a
mais equilibrada Copa América que já assisti, o patamar não foi de alto nível,
mas sim de um maciço nivelamento por baixo.
Hoje em dia, todo mundo
corre muito, ocupa muito melhor os espaços do campo, mas a cada ano, vemos
rarear os bons jogadores e os bons jogos, o prato do dia é correr e muito, é
muito suor para tão pouco cérebro.
Falta aquela jogada de
tirar o fôlego, aquela arrancada que culmina em gol, aquele calcanhar imprevisível
que desmonta a defesa, aquela letra inesperada ou aquele lençol ou a caneta
desmoralizante, enfim, um pouco de futebol dos bons.
Por esta carência e pelo infeliz
equilíbrio já citado, muita gente acha que agora não tem ninguém bobo e que
antigamente os países de menor expressão não se criavam, tai um ledo engano já
que muitas seleções de menor expressão
já fizeram bonito na copa américa.
É bom lembrar que o Perú do
badalado Guerrero já venceu a copa américa no longínquo 1939 e no não tão
distante ano de 1975. O Paraguai ganhou lá em deus me livre de 1953 e em 1979
capitaneado pela base do time do Olímpia e pelo craque Romerito, a Bolívia, sim
a Bolívia, levantou o caneco em 1963 e a Colômbia em 2001 levou a taça pra
casa.
Acho que com este pequeno
resumo já deu pra perceber que esse papo de que agora não tem mais bobo é
conversa fiada e muito fiada, pois se tiver bons jogadores, um bom técnico e um
pouco de sorte dá pra chegar lá. E que fique claro que não é coisa nova uma
seleção de pouca tradição, vencer e convencer, pois há inúmeros casos na historia
do futebol.
Quando comecei a escrever
esta crônica não tinha a mínima ideia de que o Chile seria o campeão, pois não
é que a vitória chilena veio confirmar a minha tese. Um time bem montado, a
torcida a favor, um técnico corajoso e um pouco de sorte, deu samba.
A minha verdadeira
motivação par escrever não era a vitória de um pais com menos tradição de
vitórias, mas sim a derrota horrorosa do Brasil perante ao Paraguai. Comecei a
escutar os velhos chavões de que não tem ninguém mais bobo e coisa e tal. Acho
que quem está ficando bobo somos nós.
O jeito que a gente tem jogado
e as derrotas que temos sofrido são de uma bobeira jamais vista. Nossa arma
sempre foi a qualidade que hoje está em falta. Nossa tradição e diferença era o
que tínhamos de “know-how”, aquela
bagagem adquirida e repassada que sempre fez a diferença. Costumávamos dizer
que a camisa pesava, não pesa mais.
Existe um adágio que ilustra muito bem o
sentido da expressão que tentei passar: “Somos
todos anões sentados sobre os ombros de gigantes, então somos capazes de ver
mais longe que os antigos”.
Quando você renega suas
origens e tem a soberba de virar as costas para aquilo que te fez chegar aonde
você chegou é porque as coisas realmente andam mal. Quando você é teimoso e
cego fica pior ainda, mas o que mais agrava a situação é quando com tudo isso contra,
ainda te dão voz e poder.
Temos que voltar atrás uma
duas, três ou talvez quatro casas no tabuleiro deste jogo para poder voltar a
andar pra frente, vencer novamente e naturalmente,...urgentemente.
É triste constatar, mas me
parece que quanto mais a gente perde, menos a gente aprende...curioso!
Um forte abraço do
Serginho 5Bocas.