Batendo Boca com o 5Bocas

sábado, novembro 06, 2004

Nação rubro-negra VIII

O DIA EM QUE TOCAMOS O TOPO DO MUNDO


Sem dúvida nenhuma, 1981 havia sido um ano e tanto para a galera rubro-negra, vencemos torneios na Itália, uma disputada e sofrida copa libertadores, o carioca que foi uma verdadeira guerra, e que ao conquista-lo, homenageamos o falecido Cláudio Coutinho, que teve grande participação na montagem do esquadrão. Enfim, estávamos quase de alma lavada, mas faltava uma "coisinha", um título que mudaria nossas vidas. E nós queríamos ser campeões do mundo.

O flamengo montou seu esquadrão e se preparou como nunca para vencer, tinhamos que ganhar de qualquer maneira em Tóquio. Aqui no Rio não se falava em outra coisa nos bares e esquinas. Nosso time era fantástico e fomos encarar os ingleses do Liverpool, campeões europeus, os diabos vermelhos. No time deles jogavam craques da seleção escocesa, como o atacante Kenny Dalglish e o meia Sounness.

Enfim chegou o grande dia, o jogo foi 13 de dezembro às 00h00 de Brasília. Todo mundo acordado só para ver aquele time, e ele não decepcionou, pois em apenas 45min, fizemos 3x0 com Adílio e Nunes duas vezes. Pronto, o jogo já tinha um vencedor. No segundo tempo só tocamos a bola, num jogo em que Zico esteve inspirado e além de ter feito uma bela partida, deu os dois passes para Nunes e bateu a falta que gerou o rebote do gol de Adílio. No fim foi coroado como o melhor em campo, levando um carro toyota para casa.

Nunca mais voltamos para aquelas bandas, nunca mais tivemos um time de sonhos como aquele, mas nem precisa, o que conseguimos naquele dia, só o Santos de Pelé havia conseguido, e mesmo hoje, só o Grêmio de Renato gaúcho e o São Paulo do mestre Telê repetiram o feito. Apesar de termos chegado aonde chegamos, nossos adversários por aqui, diziam na época que havíamos vencido um time pior que o São Cristovão, numa alusão a um time pequeno do subúrbio do rio, numa tentativa de minimizar nossa conquista de qualquer forma. Puro desespero. Mas no fundo, no fundo, todos sabiam que aquele time marcaria uma época, uma geração que se acostumou a vencer tudo, e que naquele dia tocou o topo do mundo.
Parabéns Raul, Leandro, Marinho, Mozer, Junior, Andrade, Adílio, Zico, Tita, Nunes, Lico.
Cantarele, Nei Dias, Figueiredo, Vitor, Baroninho, Anselmo, Carpegiane, Domingos Bosco,...

Nação rubro-negra VII

OURO VERMELHO E PRETO

Aquele jogo foi histórico, o mengão foi o campeão brasileiro em 1980, e o grêmio era o atual, pois vencerá o São Paulo na final de 1981 por 1x0 em "sampa", com direito a gol de placa de Baltasar. Agora era fera contra fera, Flamengo e Grêmio reuniam as duas melhores equipes do país, faziam a final de 1982, e tudo indicava um belo jogo, e foi.

O mengão jogava a primeira partida em casa e a segunda seria em Porto alegre, e caso persistisse a igualdade de resultados, haveria uma terceira partida também no sul. Naquele dia o flamengo estava endiabrado, e partiu para cima do grêmio com tudo, e este soube segurar a pressão. Leão fez vários milagres, e o grêmio respondia com contra-ataques mortais.

Apesar do jogo ser emocionante, tudo indicava que seria mais um 0x0, porém, os deuses dos estádios reservaram o melhor para o final. Quem sofria do coração, teve sérios problemas naquele dia. Por volta dos 38min do segundo tempo, quando a massa rubro-negra não parava de empurrar o time para cima do grêmio, o tricolor dos pampas, num rápido contra-ataque, fez um gol. Tonho marcou e quase calou a galera. Entretanto, como num passe de mágica, a nação rubro-negra se fez presente, e passou a cantar mais ainda, e enlouquecer os jogadores dentro de campo. Até que aos 43min do segundo tempo, Junior dá uma escapada pela esquerda e quase da linha de fundo dá um mini centro para dentro da área. Não sei se o Zico gritou pedindo a bola, mas sei que se não pediu, Junior adivinhou que o galo vinha na corrida, e ajeitou a bola para que ela ficasse de frente para o galinho. Este que vinha a toda velocidade, ainda teve lucidez para dar um "tapa" na bola tirando o zagueiro Baidek, e desferir uma bomba de esquerda indefensável, deixando desiludido o goleiro leão.

Depois do gol de placa, foi carnaval na arquibancada, a torcida em delírio gritava, chorava, pulava, se abraçava com "estranhos" da mesma nação, como numa irmandade, uma loucura coletiva como jamais havia visto. O empate acabou ficando de bom tamanho devido as circunstâncias, mas ao invés de sentirmos um gostinho amargo pelo empate em casa, percebemos que aquela reação, foi um aviso do que estava por vir. O mengão foi lá no sul, empatou a primeira partida em 0x0, e depois venceu a terceira de 1x0, com gol de Nunes em passe espetacular de Zico, que enfiou a bola por entre as canetas de vilson tadei. Depois foi suportar ima pressão insuportável, e pronto, éramos bi-campeões brasileiros de forma incontestável.

Aquele era realmente um time especial, um time de talentos e de guerreiros, que honrava a camisa e tinha seu valor reconhecido. Tempos idos gloriosos, que éramos temido em casa e respeitado fora. Uma época de ouro, ouro vermelho e preto.