Batendo Boca com o 5Bocas

sexta-feira, janeiro 18, 2013


PELADA DE VERDADE - Capítulo VIII
Marimba frio que nem neve


Marimba nunca foi um craque da bola. Era sim, o craque da alegria, do bom humor e dos relacionamentos. Chegava no campo de pelada bem cedo e logo “arrumava” cerveja, carne, pagode e tudo que uma tarde merece ter para ser interessante e agradável. Mas que fique claro, não era bonde nem tampouco ruim de bola, só que apenas futebol não atendia todas as suas expectativas.

Marimba jogava simples e fácil, econômico nos dribles, seu jogo era na base do dois toques no máximo, magro e inteligente, assim evitava choques e pancadas dos adversários que se aproximassem. Porém, sua maior virtude nas quatro linhas, era se manter frio em qualquer ocasião, não amarelava nem perdia a cabeça.

Antes de jogar e marcar bons jogos para o 5bocas, Marimba foi titular da Ponte Preta, um dos melhores times de pelada daquela época. Reza a lenda que numa final no campo do Engenho de Dentro (hoje transformado em condomínio), o jogo terminou empatado no tempo regulamentar e na prorrogação, foi para os pênaltis.

O juiz então decidiu, que todas as penalidades seriam cobradas por apenas um cobrador de cada equipe. O escolhido para a Ponte Preta foi Marimba, pela categoria, frieza e competência.

Dizem que foram umas dezenove cobranças para cada lado até que o batedor adversário errou, chutou a bola por cima da trave, já muito cansado. Mesmo assim, ainda havia uma última e derradeira esperança, o batedor da Ponte Preta poderia errar também e reiniciar as cobranças do 0x0.

Só que esqueceram de combinar com o Marimba, ele como sempre, nem tomou distância e colocou no canto contrário ao que o goleiro adversário escolheu pular, gol da Ponte e do título.

Vibração total no campo e na favela, a Ponte Preta era campeã, festa sem hora para acabar e o nosso herói já estava sentado numa cadeira descansando com um copo de cerveja na mão e a cabeça viajando, talvez achando que foi mole demais e que deveria ter um segundo turno, ou quem sabe bolando um jeito de marcar uma revanche, mas que fique claro e acordado, valendo uma caixa de cerveja ou mais.

Marimba deixou enormes saudades na galera, fique em paz ai no campo do céu, meu irmão.

 

Um forte abraço
Serginho5Bocas


FLAMENGO 2013 - Já estou começando a acreditar


Posso estar enganado, mas a nova diretoria que assumiu o Flamengo me pareceu realmente confiável. Pois contratou Elias, ex-corinthians e seleção brasileira sem adquirir dividas, trouxe o meia Gabriel do Bahia, que foi a segunda maior revelação do brasileiro (perdeu legitimamente para o Bernard do Galo) e o sétimo melhor meia em seu ano de estreia, também sem perder nenhum, e por último, cravou a contratação do lateral João Paulo, ex-ponte preta que também foi destaque e era pretendido por vários clubes.

Nada de mais se pensarmos em grandes nomes, mas qualquer um há de concordar que todos tem valor e geram expectativas, não são jogadores de meia bomba ou bomba inteira mesmo, dá pra apostar que alguém vai emplacar.
 
Tudo bem que no caso especifico do Elias já estamos com muitos volantes, mas o ano é longo e podem haver contusões, sem contar com vendas no meio da temporada.

Também perdemos Vagner Love, mas ai é que está, não perdemos, deixamos de nos enfiar em uma nova enrascada, que poderia originar outra despesa impagável.

Agora o “grand finale”: VENDEMOS O WELLINGTON!!!!

Cara, até agora não acredito. Parabéns DIRETORIA!!!!!

 

Ah! Só para finalizar, minha aposta é no Gabriel, se não tremer ou se não for minado pelas panelinhas das crias da casa, vai arrumar a casa.
 

Um forte abraço
Serginho5bocas

 


OS CRAQUES DO PASSADO – TONINHO CEREZO
 
A maior lembrança que guardo de Toninho Cerezo foi na Copa da Espanha quando ele apesar de não ter jogado na estreia por suspensão automática, gastou a bola nas quatro partidas seguintes em que esteve em campo. Eu vi e posso afirmar que ele fez parte de um dos melhores meios de campo, se não o melhor, de todos os tempos.
 
Mas quem foi Cerezo?
 
Volante que iniciou e se consagrou no Atlético Mineiro, alguns achavam que ele era desengonçado, outros implicavam com sua meia arriada e diziam que era um grande peladeiro, tudo o mais puro desdém ou desconhecimento de causa mesmo. O certo é que fez parte de uma geração mineira espetacular e ao lado de Reinaldo, de Paulo Isidoro, de Marinho entre outros, fez historia no galo mineiro.
 
Marcou presença em duas copas do mundo (78 e 82) e quase esteve na terceira (86), sendo cortado poucos dias antes da competição por contusão. Na verdade, Telê fez uma opção entre os “velhos” e os lesionados, escolhendo levar, Falcão, Zico, Sócrates e Junior, deixando Cerezo de fora.
 
Cerezo por duas vezes foi considerado o melhor jogador do campeonato brasileiro numa época em que as feras jogavam todas por aqui, depois da Copa de 82 foi levado para a Itália, onde jogou na Roma ao lado de Falcão e na Sampdoria, comandando uma garotada espetacular. Neste período venceu um campeonato Italiano, duas Copas Itália, uma recopa europeia e um vice na liga dos campeões em 1992, já aos 37 anos.
 
Cerezo ainda teve fôlego aos 38 anos para comandar o São Paulo de Telê no mundial de clubes contra o Milan em 1993. Jogou tanto nesta partida que ganhou o carro Toyota de melhor em campo.
 
Na seleção, seu melhor momento foi em 1982 com Telê, estava jogando o fino até a derradeira partida contra os italianos, quando ficou injustamente marcado porque passou uma bola perigosa na intermediaria para o lateral Junior que perdeu a dividida para Paolo Rossi e daí saiu o segundo gol. Depois ainda foi infeliz, porque foi atrasar de cabeça para o goleiro um cruzamento despretensioso de Antognoni e originou o escanteio do terceiro gol italiano. A tarde foi muito madrasta com Cerezo.
 
Aquilo tudo foi uma tremenda covardia do destino com um “cracaço” de bola. Ele, ao lado de Falcão, formavam uma dupla de encher os olhos, seus talentos eram complementares e também tinham muita coisa em comum. A saída de bola era primorosa e ambos apoiavam o ataque constantemente.
 
Quem dera hoje tivéssemos um peladeiro desse na seleção brasileira, alguém que fizesse a transição da defesa para o ataque com a rapidez, facilidade e a tranquilidade que Cerezo fazia, que estivesse no campo todo e se apresentasse para o jogo com qualidade que ele disponibilizava para o time.
 
Ai que saudade do Cerezo!
 
Obs: Meu sonho de infância como de qualquer garoto daquela época, era ser Zico, até começar a jogar campo e querer ser Falcão ou Cerezo, o Pelé e o Garrincha dos volantes. Não deu para mim nem de longe.
 
  
Um forte abraço
Serginho5bocas