OS
CRAQUES DO PASSADO – ROMÁRIO & BEBETO
As paralelas
que se encontraram antes do infinito
Hoje
vou dividir o espaço de apenas um perfil com dois monstros sagrados do futebol
brasileiro. A ideia é homenagear dois estilos distintos que quando se
encontravam, potencializavam suas melhores virtudes, virando uma coisa só,
talento.
Bebeto,
garoto mirrado esquelético da Bahia que vi pela primeira vez na seleção de
juniores na conquista de nossa primeira copa do mundo da categoria em 1983.
Ele
era reserva do desconhecido Marinho rã, mas sempre que entrava, melhorava a
qualidade do futebol da seleção. Tanto fez que durante a competição, ganhou a vaga
de titular.
Saiu
do Vitoria da Bahia e desembarcou no Flamengo do Rio, com a fama de craque do
futuro. Em pouco tempo mostrou seu futebol e teve seu melhor momento com a
camisa rubro-negra na Copa União de 1987, quando marcou gols nos 4 últimos
jogos que garantiram a conquista da competição.
Seu
divisor de águas na carreira foi a Copa America de 1989 quando sagrou-se
campeão e artilheiro, mostrando todo seu valor, seu amadurecimento e que era um
predestinado, o tempo confirmaria.
Passou
momentos difíceis com a amarelinha, sendo barrado na Copa de 90 e depois pelo
treinador Falcão, mas deu a volta por cima e retornou a seleção de Parreira a
tempo de ser campeão do mundo.
Romário
foi diferente, já o conheci arrumando encrenca, pois após ter sido artilheiro
do sul americano de juniores, foi cortado do mundial por Gilson Nunes, por ter
urinado da janela do hotel nos pedestres que passavam na calçada, perdeu o bonde
do bi mundial.
Depois
fez “chover” no Rio até ser vendido para o PSV da Holanda, mas ainda deu tempo
de se encontrar e ganhar a Copa America de 1989 com o parceiro Bebeto.
Na
Copa de 90 teve que conviver com a reserva, muito por estar se recuperando de
uma lesão gravíssima e assistiu o fracasso dos companheiros na companhia de
Bebeto no banco de reservas de luxo.
Romário
fez chover no Barcelona na mesma época que Bebeto arrasava no La Coruña. Nesta
época dividiram as atenções e tiveram uma luta digna e limpa pelo título espanhol
até a última rodada, quando Romário sagrou-se campeão e Bebeto teve uma grande
decepção com a perda do título.
No
ano seguinte os dois arrebentariam na Copa do Mundo dos USA e entrariam para a
história do futebol brasileiro como uma das mais completas (se não a mais)
duplas de atacantes que o futebol produziu.
Fizeram
8 dos 11 gols da equipe e deram show de entrosamento em várias partidas. A
dupla salvou aquela seleção do fracasso e da mediocridade, pois foi sem sombra
de dúvida, uma das mais cautelosas de todas as copas que o Brasil já participou
e ganhou.
Romário
foi o craque da Copa e Bebeto injustamente não foi relacionado na seleção da
competição, recebendo apenas uma menção honrosa da FIFA, que deixou o baianinho
muito insatisfeito.
Nunca
mais puderam mostrar o seu valor juntos na seleção.
Estiveram
poucas vezes juntos, mas quando o fizeram, foi com uma perfeição dos deuses.
Juntos, tudo o que faltava em um tinha no outro, eram complementares e
exemplares na eficiência do conjunto.
Um
futebol rápido, inteligente, bonito e ótimo de assistir. Tenho na minha
lembrança a ótima atuação dos dois no jogo das eliminatórias da Copa de 1994
contra o Uruguai, foi um primor, uma aula de futebol.
Dá
muita saudade, não vê-los mais em campo em sua plenitude.
Bebeto
era o passe de primeira, a jogada simples e bem executada, sem mais nem menos.
Romário era a execução sem piedade, a frieza e simplificação sem abrir mão do
talento raro da finalização.
Feijão com
arroz, queijo com goiabada, Romeu e Julieta, Romário e Bebeto as paralelas que
se encontraram antes do infinito.
Um
forte abraço
Serginho5Bocas