OS GRANDES ERROS DO MESTRE
Telê
para mim foi o maior de todos. O maior treinador de futebol que vi, mas nem o
maior ou talvez o melhor, esteve livre de cometer erros. Erros que por sinal custariam
caro, caríssimos a sua bela carreira. Que levantaria dúvidas quando ao melhor
caminho a seguir, a melhor convocação.
O
mestre era um perfeccionista e muito rígido em suas convicções e talvez ai
residisse seu maior erro. Sua constância de propósito o levou a tomar decisões
que depois se revelariam equivocadas sob o prisma do resultado.
Pois
bem, de todos os erros, talvez dois deles tenham sido os mais emblemáticos,
pois trouxeram resultados na Copa do Mundo e é lá que o “couro come” e que se deixa
o legado no futebol.
Em
1982, Telê abriu mão de Adílio do Flamengo na convocação final para a Copa da
Espanha. Telê levou Batista que era jogador de marcação e levou Dirceu que nas
duas copas anteriores havia mostrado grande utilidade, mas naquele momento já
não era nem sombra do ótimo jogador que fora.
Telê
abriu mão de uma excelente opção de ataque caindo pela esquerda e de mais
opções na armação do meio-de-campo caso tivesse levado Adílio. Para se ter uma
ideia do problema, no jogo de estreia em que não pode contar com Cerezo que
estava suspenso, barrou Paulo Isidoro que vinha jogando bem, inclusive nas
eliminatórias para lançar Dirceu na equipe.
Vá
saber porquê ele fez isso, mas o certo é que Dirceu foi mal escalado na direita
e atrapalhou mais do que ajudou a equipe contra a União Soviética. O time só se
acertaria no segundo tempo, justamente com a entrada de Paulo Isidoro na ponta
direita.
Este
erro foi corrigido a tempo, mas ter Adílio contra os italianos no jogo fatídico
poderia ter sido extremamente importante para furar a retranca italiana ou para
segurar a bola todas as vezes que tínhamos a vantagem do empate, que aliás era
especialidade do neguinho da cruzada.
Já
na Copa de 1986, Telê novamente errou na mão. Por motivos disciplinares barrou
Renato Gaucho do grupo que foi ao México e perdemos uma extraordinária arma
ofensiva no campo de jogo, já que os confrontos eram marcados no horário de 12h
e o grupo que Telê levou contava com muitos jogadores veteranos. O fôlego e o
talento de Renato fez falta.
Telê
apostou em outros jovens, levou Muller e Sillas do São Paulo, achando que junto
a Careca, talvez pelo entrosamento que tinham no clube, fariam todos esquecerem
do ponta direita gaúcho. Não deu certo.
O
Brasil perdeu as duas copas por duas tristes fatalidades. Tanto em 1982 quanto
em 1986, não fomos inferiores aos italianos e aos franceses, muito pelo
contrário, faltou um pouco de sorte. Na Copa do Mundo, a parti das oitavas,
tudo se decide em um só jogo, e ai ás vezes você é pego de surpresa e não tem
tempo de se recuperar.
Talvez,
se o Brasil tivesse vencido as duas copas, ninguém duvidaria das convocações do
mestre Telê, mas como o destino abriu essa perspectiva, essa dúvida cruel,
possibilitou imaginar como teria sido o final sob outra ótica, observado outro
cenário.
Muitos
treinadores com menor capacidade técnica, bem inferiores na arte de fazer uma
equipe jogar, tiveram melhor sorte. Ninguém duvida do talento de quem venceu
pelo simples fato de terem vencido, mas é ai que reside a beleza deste esporte.
Nunca
saberemos se daria certo com Adílio e com Renato, mas que o futebol teria
agradecido teria, ah se teria...
Um
forte abraço
Serginho5BocasSerginho5bocas@gmail.com