Batendo Boca com o 5Bocas

segunda-feira, novembro 04, 2013


OS GRANDES ERROS DO MESTRE         

 

 


 

Telê para mim foi o maior de todos. O maior treinador de futebol que vi, mas nem o maior ou talvez o melhor, esteve livre de cometer erros. Erros que por sinal custariam caro, caríssimos a sua bela carreira. Que levantaria dúvidas quando ao melhor caminho a seguir, a melhor convocação.
 
O mestre era um perfeccionista e muito rígido em suas convicções e talvez ai residisse seu maior erro. Sua constância de propósito o levou a tomar decisões que depois se revelariam equivocadas sob o prisma do resultado.

Pois bem, de todos os erros, talvez dois deles tenham sido os mais emblemáticos, pois trouxeram resultados na Copa do Mundo e é lá que o “couro come” e que se deixa o legado no futebol.

Em 1982, Telê abriu mão de Adílio do Flamengo na convocação final para a Copa da Espanha. Telê levou Batista que era jogador de marcação e levou Dirceu que nas duas copas anteriores havia mostrado grande utilidade, mas naquele momento já não era nem sombra do ótimo jogador que fora.




Telê abriu mão de uma excelente opção de ataque caindo pela esquerda e de mais opções na armação do meio-de-campo caso tivesse levado Adílio. Para se ter uma ideia do problema, no jogo de estreia em que não pode contar com Cerezo que estava suspenso, barrou Paulo Isidoro que vinha jogando bem, inclusive nas eliminatórias para lançar Dirceu na equipe.

Vá saber porquê ele fez isso, mas o certo é que Dirceu foi mal escalado na direita e atrapalhou mais do que ajudou a equipe contra a União Soviética. O time só se acertaria no segundo tempo, justamente com a entrada de Paulo Isidoro na ponta direita.

Este erro foi corrigido a tempo, mas ter Adílio contra os italianos no jogo fatídico poderia ter sido extremamente importante para furar a retranca italiana ou para segurar a bola todas as vezes que tínhamos a vantagem do empate, que aliás era especialidade do neguinho da cruzada.

Já na Copa de 1986, Telê novamente errou na mão. Por motivos disciplinares barrou Renato Gaucho do grupo que foi ao México e perdemos uma extraordinária arma ofensiva no campo de jogo, já que os confrontos eram marcados no horário de 12h e o grupo que Telê levou contava com muitos jogadores veteranos. O fôlego e o talento de Renato fez falta.



Telê apostou em outros jovens, levou Muller e Sillas do São Paulo, achando que junto a Careca, talvez pelo entrosamento que tinham no clube, fariam todos esquecerem do ponta direita gaúcho. Não deu certo.

O Brasil perdeu as duas copas por duas tristes fatalidades. Tanto em 1982 quanto em 1986, não fomos inferiores aos italianos e aos franceses, muito pelo contrário, faltou um pouco de sorte. Na Copa do Mundo, a parti das oitavas, tudo se decide em um só jogo, e ai ás vezes você é pego de surpresa e não tem tempo de se recuperar.

Talvez, se o Brasil tivesse vencido as duas copas, ninguém duvidaria das convocações do mestre Telê, mas como o destino abriu essa perspectiva, essa dúvida cruel, possibilitou imaginar como teria sido o final sob outra ótica, observado outro cenário.

Muitos treinadores com menor capacidade técnica, bem inferiores na arte de fazer uma equipe jogar, tiveram melhor sorte. Ninguém duvida do talento de quem venceu pelo simples fato de terem vencido, mas é ai que reside a beleza deste esporte.

Nunca saberemos se daria certo com Adílio e com Renato, mas que o futebol teria agradecido teria, ah se teria...
 

Um forte abraço
Serginho5Bocas
Serginho5bocas@gmail.com