Batendo Boca com o 5Bocas

sexta-feira, setembro 21, 2012



GOLEIROS

Quando moleque já quis ser goleiro, achava um barato e belo o uniforme, as luvas, ser diferente, mas principalmente fazer grandes defesas. Logo, logo desisti, tomei uma bolada tão violenta numa tentativa de defesa, que prendeu meus dedos entre a bola e a trave e foi uma dificuldade tremenda para tirar meu dedo inchado de dentro da luva. Pronto, ali havia se encerrado uma curtíssima carreira de arqueiro.

A primeira vez que fiquei impressionado com um goleiro, foi num jogo entre Alemanha Ocidental e Brasil, em que o goleiro Sepp Maier fez uma defesa espetacular num chute (que acho, foi) de Rivelino, com apenas uma das mãos. Sabe lá o que é isso? Para se ter uma idéia, aquela bola de 32 gomos, pesava uma enormidade se comparada ás bolas de hoje. Se chovesse então, chiiiii

Depois vi o Manga, atuando pelo Grêmio e pelo Operário de MT, fazendo a mesma coisa, agarrando chutes com apenas uma das mãos, fora as “pontes” maravilhosas, coisa de cinema.

Também fui fã do Raul que me impressionava pela frieza e calma debaixo das traves. Ele era de uma simplicidade e de uma economia de gestos inigualável, além de boa elasticidade e sorte de campeão, que um bom goleiro precisa.

Dos que me deixaram puto por fecharem o gol contra o Mengão, lembro do Mazaropi que não tinha pinta nenhuma de goleiro e acho até que era baixinho para a posição, mas tinha uma gana contra o Flamengo que vou te contar, agarrava pra caraiu. Outro foi o Leão que reinou no gol do Brasil por muito tempo, era ótimo goleiro e tinha a categoria de um craque da posição, seu ponto fraco era seu ego, mas suas atuações compensavam qualquer deslize.

Tenho que fazer também uma breve homenagem ao injustiçado Valdir Perez que esteve em 3 copas do mundo e ficou com a conta toda da derrota de Sarriá e uma lembrança ao goleiraço Roberto Costa do Atlético do Paraná e do Vasco que era um craque da posição e infelizmente foi convocado para a seleção numa tremenda entresafra, maior roubada. Para se ter uma idéia do potencial dele, ganhou duas bolas de ouro de melhor jogador do Brasileiro na década de 80.

Na Copa de 1978 Fillol da Argentina ao lado de Kempes foi um dos grandes heróis da conquista, ele pegou pênalti contra a Polônia de Deyna, defendeu um chute de queima roupa de Roberto Dinamite com o peito na fase semifinal que assegurou o empate e a posterior classificação dos hermanos para a final da copa.

Na Copa do Mundo de 1982 Dassaev da U.R.S.S. e Zoff da Italia fizeram historia, o primeiro talvez tenha sido o melhor goleiro da Copa, fez uma defesa contra a Escócia de tirar o chapéu e contra o Brasil na estréia, foi um paredão. Zoff vinha fazendo uma copa normal até se encontrar com o Brasil. Pronto! Fechou a meta, agarrou até pensamento, não passou nem agulha mermão, o cara aos 40 anos se reinventou, fez defesas assombrosas e garantiu a vitória improvável contra os brasileiros, sua defesa no último minuto em cabeçada de Oscar foi precisa, espantosa, valeu uma copa e fez muita gente não acreditar.

Mais tarde foi a vez de Taffarel, o melhor goleiro brasileiro que vi jogar embaixo das traves. Quase não aparecia e raramente fazia defesas difíceis tal era seu ótimo posicionamento na baliza. Foi campeão do mundo, foi quem abriu as portas para os goleiros brasileiros na Europa e parou no auge.

O último brasileiro que gostei foi Julio Cesarque não teve sorte na Copa do mundo de 2010, não sei se terá outra chance, mas com certeza foi um fenômeno da posição. Para se ter uma idéia, jogou pela primeira vez nos profissionais aos 17 anos contra o Palmeiras no Maracanã com a segurança e sobriedade característica dos gênios da posição.

Do exterior ainda fiquei fã de Zenga e Buffon da Italia, Van der Sars da Holanda, Kahn da Alemanha e Casillas da Espanha que foram os maiores expoentes mais recentes da Europa na posição.

Hoje tenho visto no Brasil muito goleiro irregular, apesar de saber que o treinamento deles é bem mais puxado que de seus antecessores. É quase impossível ver um goleiro encaixar uma bola, que saudades das “PONTES”... O que mais se vê hoje em dia, são bolas espalmadas espetacularmente ou diria espetaculosamente para o meio da área, batendo roupa para os atacantes adversários, umas macaquices dignas de um show da TV, sem o menor pudor e sem vergonha de ganhar salários “holliwoodianos”.

Não sei se é porque eu era garoto e os caras talvez parecessem maiores, ou se porque os goleiros é que eram maravilhosos, mas de uma coisa eu sei, sei que tenho uma saudade da pôrra daqueles caras e daquelas tardes.

Opa! Lembrei de uma rapidinho:

“AH HÁ UH HU O MAZAROPI VOU COMER SEU .....BOLO”
 

Um forte abraço

Serginho5bocas