PELADA
DE VERDADE – Capítulo VI
O Estádio do Curupaty e o Pepeta que fez chover
Nosso
time de pelada estava acostumado a jogar pelada literalmente, ou seja, time
contra na rua, e ás vezes na rua de paralelepípedo e raramente jogávamos um futebol
de salão, campo então? Nem pensar.
Daquela
vez seria futebol de campo, na verdade seria praticamente a primeira vez que
jogaríamos um time contra em um campo gramado, e que campo.
O
local do desafio era o campo do curupaty em Jacarepaguá e ficamos super ansiosos
para enfrentarmos os caras, que segundo o Sergio Olhão, nosso amigo que marcou
o jogo, só tinha fera e muita gente do futebol de salão do Rio de janeiro.
Chegamos
no campo e a primeira visão quando nos vimos livres das árvores foi o campo lá
embaixo, que para nós, daquele ângulo, parecia o Maraca, um show, já valeu a
viagem (de ônibus, tá!).
Entramos
em campo, começa o jogo e já saímos tomando um caminhão de gols, o primeiro
tempo terminou uns 4x0 para os caras, brincando de jogar e a gente olhando e
aprendendo na pratica.
Ai
veio o segundo tempo e alguém se machuca no nosso time. Era a fatídica hora do
gigante Arnaldo matar sua sede de gols.
Arnaldo
era o nosso técnico, produtor, dono do bar, organizador e quando dava também
fazia as suas de jogador e matador, nosso Severino, um verdadeiro faz tudo.
Ocorre
que ele também nunca tinha jogado em um campo, quanto mais em um com aquelas
dimensões, era um sonho e um pesadelo ao mesmo tempo, já que ele estava um “POUCO”
acima do peso e seu exercício predileto era comer (bem) ou beber (muito), já
viu né?
Reza
a lenda que Arnaldo fez até chover, fez o primeiro aproveitando um rebote do goleiro que “bateu roupa” num
chute de longa, fez outro num chute rasteiro da pequena área e sofreu um pênalti
meio cavado, batido e aproveitado por este escriba.
O
jogo terminou 4x6 para o 5bocas, se não me engano, ele ainda fez mais um de cabeça. O
resultado em si não teve a menor importância para todos nós, o que valeu mesmo
foi ter conhecido aquele monumento que depois jogaríamos mais algumas vezes e
ter sido testemunha ocular de um dia em que tudo deu certo para o “pepeta”, o
nosso querido Arnaldo.
Lembro
que Arnaldo saiu do gramado zoando a cara do goleiro dos caras, que também era
bem “fofinho” e deixou o malandro furioso quando disse a ele que era uma
vergonha tomar 3 gols e ainda fazer um pênalti num jogador gordinho como ele e
que usava em campo uma chuteira, digo quase isso, um calçado “clube sul”.
Sei
que aquela tarde o Arnaldo levou todos os prêmios de melhor em campo: o
motorádio, o almoço na churrascaria e uma noite na suíte Champion com a
cremilda lá da vila mimosa, pois abraçado ao canhão é que morre o artilheiro.
Aquele
fim de tarde e inicio de noite foi de muita festa na esquina, bancada pelo
nosso amigo e agora também, artilheiro mortal, Arnaldo.
Para
os jogadores do time do “dezoito” lá do curupaty, foi mais uma tarde normal em que
bateram cartão e foram tomar mais umas geladas, mas para o “pepeta” e para a
grande maioria de todos nós, foi uma tarde inesquecível que ficou gravada nos
anais das 5bocas.
Um forte
abraço
Serginho5Bocas