O
FUTEBOL DO MENGÃO E O BAR DO MEU PRIMO
Meu
primo foi demitido de seu excelente emprego e como não conseguia de jeito nenhum
uma recolocação no mercado, decidiu abrir um bar.
Pesquisa
daqui e dali com uma enorme ansiedade. Fechou o negócio em uma semana sem
analisar com calma a oportunidade. Entrou numa fria, desembolsando a grana na
sexta e na segunda-feira lá estava ele dando inicio aos trabalhos.
Segunda
pela manhã bem cedo, chegou e abriu o bar, achou um pouco estranho que não
havia chegado nenhum empregado da antiga direção, mas tudo bem, aos poucos
foram chegando alguns míseros “gatos pingados” e lá pelas 11h, quase na hora de
servir o almoço, o grupo estava completo.
Decidiu
cancelar o almoço e promoveu na hora a sua primeira reunião, que para sua
surpresa, quando encerrou a contagem de todos os empregados, viu que haviam
presente 15 funcionários. Contou de novo sem acreditar e pasmo ficou, era
aquilo mesmo.
Para
um negócio daquele tamanho era um número considerável, se levarmos em conta que
era um barzinho de esquina em um bairro pra lá de modesto. Começa as perguntas
e descobre que ali há 1 cozinheiro e 6 assistentes de cozinha (2 para cada
turno de 6h), tinha também 2 garçons mal vestidos e 3 maitrês, um tremendo
luxo. Além disso, atrás do balcão, servindo os clientes, havia mais três
empregados: um só para tirar o chope, um só para lavar os copos e um só para
dar o troco, sendo que nenhum deles era capaz de mover “uma palha” para ajudar
o outro em qualquer tarefa, sem contar o meu próprio primo nesta brincadeira,
uma estrutura e tanto, um colosso.
Vale
ressaltar que nem falamos ainda dos salários atrasados dos encargos
trabalhistas proporcionais da folha, das contas com as concessionárias que
volta e meia cortava o fornecimento dos serviços e por ai vai...
Na
cabeça já meio perdida do meu primo, o bar deveria ser um sucesso de vendas,
tendo em vista o “staff” megalomaníaco, mas a realidade era outra completamente
inversa. Ai ele se perguntava em silêncio:
-
Aonde fui amarrar meu burro?
Na
primeira semana no novo negócio, já deu para perceber que quase nada funcionava
a contento. Muitos atrasos e faltas abonadas por atestados médicos fajutos,
telefonemas avisando do falecimento de parentes, e ao final daqueles 7
primeiros dias, já foi fácil perceber que um dos motivos principais daquela
zona era que as receitas não cobriam nem de longe as despesas, Por isso, os
funcionários faziam corpo mole, eram negligentes, distraídos e mal educados com
os clientes e com o serviço. Ficou nítido que muita coisa precisava mudar e
rápido, se não morreria na praia fácil.
A
primeira constatação era: Como cobrar uma boa conduta, resultados e estabelecer
metas se os caras não viam a cor do salário no fim do mês?
Meu
primo foi para casa, pensou muito e estabeleceu um plano audacioso. Logo na
segunda-feira pela manhã, demitiu boa parte dos empregados e contratou gente
nova com salários mais realistas, aproveitou somente um garçom que pareceu ter condições
de ajudar no novo negócio, um enxugamento agressivo, mas necessário.
Trouxe
seu filho e a esposa para abraçar a causa neste início de “tsunami” já que não
tinha muitos recursos para trazer muita gente de confiança e disposta a ganhar
pouco. Seu filho ajudava no balcão, ele e o garçom nas mesas e a sua esposa
dando uns toque de graça na decoração que há muito andava caidinha e no
controle do caixa.
O
5bocas deu umas dicas nas finanças, ajudando a renegociar prazos e valores dos
papagaios vencidos e a vencer, chamando os credores, ex-empregados e
fornecedores para uma conversa séria e definitiva de reparcelamento e
prolongamento das dívidas, já que não havia mais espaços para errar.
Passados
dois meses, o barzinho do meu primo ganhou um gás, tirou a corda que apertava
seu pescoço e já começava a brilhar no local. Enxuto em todos os sentidos, já passou
a ser “point” da rapaziada.
Meu
primo já pensa até em ampliar o local, colocando um espaço para o torcedor
assistir jogos e uma ala da sorveteria e dos sucos para quem curte essa outra
frente. Ele está tão otimista que planeja para daqui a algum tempo abrir
filiais ou franquias.
Olha
só que engraçado! É só o barzinho do meu primo, imaginem o que ele poderia
fazer se tivesse “nas mão” para dar suporte e robustez as suas ideias e
projetos, uma gigantesca nação de fãs apaixonados para comprar os
seus produtos e serviços?
Amigos,
não levem a sério esta estória, pois o barzinho do meu primo nunca existiu, ele
é apenas uma metáfora do mundo real do Flamengo, que saiu da cabeça deste
torcedor apaixonado pelo MENGÃO, que queria desabafar contra os mal
feitos intermináveis no clube que ele é apaixonado.
É
uma brincadeira e ao mesmo tempo um apelo aos novos dirigentes deste clube, ou
se preferirem NAÇÃO, para que não continuem empurrando esta verdadeira máquina
para um caminho sem volta.
Agora,
bem que meu primo podia comprar um título de sócio e daqui a algum tempo concorrer
a presidência do mengão, não é verdade?
Com
tanta gente “inteligente” e “capacitada”, fazendo um monte de MER...CADORIA por
lá, caso ele tentasse e errasse na mão, acho que ainda assim, não conseguiria
ser pior do que este bando que nos envergonhou e esculhambou o clube por tanto
tempo, só trocando de mãos, manchando a nossa história lamentavelmente.
Em 2006 escrevi a crônica abaixo no site “ziconarede” e acho que
ela ainda hoje é tão atual que resolvi postar aqui no blog, na esperança de que
a nova diretoria do FLAMENGO leia e não repita nem em pensamento as
malfeitorias e “pioramentos” que as últimas gestões fizeram ao longo de muitos recentes
tenebrosos anos.
Um
forte Abraço
Serginho5Bocas