AS COPAS QUE EU VI (1982)
13 de maio de 2014
A década de 80 foi maravilhosa para os brasileiros, pelo menos para os
flamenguistas, que como eu, puderam acompanhar o melhor time de sua historia e
uma das melhores seleções da historia do futebol de todos os tempos, sem contar
que a época foi prodigiosa na música e no cinema.
Eu com meus 15 anos, fui um agraciado por ter visto a Copa do mundo de
1982, mas principalmente a seleção brasileira naquela copa. Foram 5 jogos,
apenas 5 partidas marcantes na vida de um adolescente louco por futebol.
Nesta época eu jogava futebol de salão no Ríver Futebol Clube e tinha
alguns sonhos com futebol que infelizmente não se concretizaram, mas um eu consegui
realizar, assistir partidas de um time de futebol de outro planeta, mas vamos
ao que interessa:
A Copa reuniu a nata do futebol daquela época. Para se ter uma ideia,
Brasil, Argentina, Alemanha, Itália, França e Inglaterra levaram seleções
fortíssimas e grandes craques que juntos a Polônia, Espanha e Bélgica nos
proporcionaram uma copa inesquecível.
Como não lembrar dos leões Camaroneses que já com Roger Milla, saiu
invicta da primeira fase e por pouco não tira a Itália. Faltou confiança para
acreditar que poderia vencer um gigante do futebol, foi um empate em que o
goleiro n´komo escorregou no gol italiano e que Camarões empatou rapidamente
quando forçou o ataque, pena que parou e voltou para a defesa com medo de sei
lá o quê.
Teve também aquela do Sheik do Kuwait que entrou no campo para mostrar
seu poder, pressionando o juiz a anular um gol que sofrera da poderosa França e
que mesmo depois de ter sido anulado, não permitiu que escapassem de uma “sova”
aplicada pelos craques franceses por 4x1.
Teve a estreia de Maradona em copas, que reforçando os campeões mundiais
de 78, não foi capaz de conduzi-los (ainda) a mais um título mundial de
futebol. O pibe de ouro não fez uma copa como se esperava, mas já deu mostras
de seu talento com seus dribles, passes e gol de canhota, como na vitória
contra a Hungria. A promessa se cumpriu 4 anos depois...
Outro fato marcante foi o Boniek que jogou muita bola, principalmente
contra a Bélgica na fase final, mas que infelizmente não pode jogar a semifinal
contra a Itália por ter sido suspenso, facilitando muito a classificação da “azzura”.
Como esquecer da Argélia dos craques Madjer e Belloume que pregou uma
peça na poderosa Alemanha vencendo de 2x1 na primeira fase e que depois
sofreria um revés “safado” dos mesmos alemães que junto aos austríacos
combinaram o resultado para tirar os africanos em outro capítulo hediondo da
historia das copas.
E o que dizer da sempre forte Alemanha, do craque Rummenningge que não
tinha sorte em copas e sempre se contundia, mas ainda assim foi vice artilheiro
e vice campeão daquela copa, parando somente na final frente aos italianos.
Não poderia esquecer jamais dos mosqueteiros franceses: Platini
comandando Tigana, Girresse, Genghini entre outros, capitaneou uma seleção
especial no trato com a bola. Um primor de elegância e bom futebol que foi
batida pela Alemanha numa semifinal dramática em que a vaga para a final
escorreu das mãos na falta “cavalar” feita de Schumacker e sofrida por Batiston,
de um jogo que estava 3x1 para os franceses na prorrogação e os alemães levaram
até os pênaltis, que por sua vez começou com a cobrança perdida por Stielike,
mas que ainda assim venceu após Didier Six perder a última cobrança francesa,
um verdadeiro épico dos gramados.
O ponto alto ficou por conta dos italianos e dos brasileiros que
travaram uma verdadeira batalha no jogo conhecido como a “tragédia de Sarriá”.
Os italianos tinham uma seleção excepcional para os seus padrões, pois
faziam parte do grupo Zoff, Scirea, Gentile, Cabrini, Antognoni, Tardeli, Conti
e o matador Paolo Rossi que ficou adormecido nas 4 primeiras partidas e “acordou”
justamente contra o Brasil, marcando 3 gols e a partir dali se tornando o
artilheiro com 6 gols, feitos em 3 partidas. Entrou para a história da Itália e
das copas.
Um time que entrou em campo com uma difícil missão e conseguiu a proeza
de cumpri-la, vencer os melhores da Copa e dos últimos 40 anos do futebol
mundial.
Por último o Brasil. Um time de exceções, de talentos excepcionais e
complementares, que se exibiu com graça, elegância, potencia e beleza,
agradando corações de todos os cantos do planeta.
Equipe que foi montada na Copa, já que Falcão não jogou naquele grupo
nos últimos 2 anos e a escalação final foi muito diferente da base que vinha
jogando nas eliminatórias e amistosos.
Um time que deixou um imenso legado para as copas do mundo e exaltou o
futebol, elevando ao patamar de arte.
Lembro que quando a partida terminou fiquei sentado no chão da pequena
sala da minha casa, sem coragem de pular a janela para jogar a pelada que
sempre acontecia após as partidas em frente minha residência.
Chorei como nunca havia chorado e nem vou chorar, por futebol, por um
time que deixou uma saudade imensa e que era um “tesão” vê-lo jogando aquelas
partidas.
Aqueles caras, entravam em campo para vencer e agradar, sempre
preocupados com os espectadores, deixavam alguma marca: um drible, um passe
primoroso, um gol ou vários, como os 11 gols de placa dos 15 gols marcados nos
5 jogos que entraram para a historia do futebol.
Mando uma mensagem aos educadores: os videoteipes daquele time, deveriam
ser exibidos para as crianças do Brasil e do mundo inteiro como matéria
obrigatória para passar de ano.
Fecho este capítulo com uma saudade imensa e uma esperança de que quem
sabe Neymar e essa garotada maravilhosa, nos surpreenda e apresente um futebol não
apenas campeão, mas vistoso e digno das maiores seleções brasileiras que já
vestiram este manto amarelo.
Até o próximo capítulo...
Um forte abraço!
Serginho5BocasSergio5bocas@gmail.com