Batendo Boca com o 5Bocas

quinta-feira, março 21, 2013


PELADA DE VERDADE – Capítulo VII

Gol com gosto de peixe
 

Aquele Campeonato de futebol de campo que o várzea organizou em 1992 foi histórico para o time das 5bocas.

Fomos campeões invictos com uma campanha de 7 jogos, sendo 6 vitórias e um empate, tendo ainda o melhor ataque com 28 gols, a melhor defesa sofrendo apenas 5, Ivan foi o artilheiro e por ai vai, mas o melhor daquele campeonato foi a partida final, no dia 21 de julho de 1992.

Estávamos embalados e todo mundo queria jogar naquele time. Se não me engano e não me falha a memória, a escalação do esquadrão era essa ai embaixo:


Fernando (o português), Manel (caolha), Paulão (Aldair), Jorjão e Pezão;
Marcelo (cabeção), Serginho (5bocas) e Jaime (Vanusa)
Alexandre, Anibal do Engenhão ou Ivan e Jurandir



Na final, vencemos o Urupema por 7x2, com um esquema 4-3-3 para lá de ofensivo, com uma zaga firme que arrepiava quando precisava, com dois pontas bem abertos e um meio de campo leve e de muito toque de bola.

O melhor da história foi que no intervalo, quando o jogo já estava uns 3 ou 4 a zero para nós, Arnaldo (o pepeta), mistura de técnico, mecenas e reserva de luxo, lançou o desafio: vou entrar no meio do segundo tempo e se alguém me der o passe para marcar um gol, vou bancar todo o peixe e a cerveja que o time for capaz de consumir.

Arnaldo entrou com uns 10 minutos da segunda etapa e acho que ele nunca recebeu tanta bola para fazer gol, só que um misterioso azar o perseguiu durante toda a partida. O cara chutava, cabeceava e nada, a bola não queria ajudar a rapaziada de jeito nenhum.

Um desespero já tomava conta de todos quando lá pelas tantas, quase acabando o jogo, Jurandir entra driblando pela esquerda e sofre o penal. Eu já me preparava para cobrar, como em todos os jogos, quando a “fera” chegou perto de mim e ordenou: deixa que eu faço!

Quem sou eu para minar tanta convicção? Tudo pela causa.

Não vi mais nada, só sei que o “pepeta” fez o gol de pênalti meio chorado e nunca na história deste país se viu tanta comemoração por um gol, ainda mais sendo o sétimo de uma sonora goleada.

A noite a peixada comeu solta, regada a muita cerveja gelada e refrigerantes tudo na conta do Arnaldo.
 

Nunca um gol teve tanto sabor...de peixe!
 

Um forte abraço

Serginho5Bocas


OS CRAQUES DO PRESENTE
 
N° 4 – SEEDORF

 
Seedorf é craque e ponto final.

Seedorf é o tipo de jogador que todas as torcidas querem vestindo sua camisa, porque ele não é só um grande e talentoso jogador, é um exemplo de retidão e caráter.

Este holandês, nascido no Suriname sabe tudo de bola e quando entra em campo não é preciso muito tempo de jogo para distingui-lo. Calmo e talentoso, rapidamente vira o senhor da partida, comanda a sua equipe dentro do campo, tornando-se um verdadeiro técnico a mais para o time.

A primeira lembrança que me vem a cabeça do Seedorf é o lançamento perfeito que ele fez para o Raul na final do mundial de clubes contra o Vasco em Tóquio no ano de 1998, mas Seedorf fez muito mais em toda a sua belíssima carreira do que apenas um lançamento histórico.  

Seedorf desfilou sua classe no Ajax com uma garotada maravilhosa que depois arrebentaria na Copa do mundo de 1998 na França. Um belo grupo que incluía Davids, Frank de Boer, Kluivert, Van der Sar, Rijkaard entre outros. Ainda foi jogar muita bola no Real Madrid e depois na Inter e no Milan da Itália.

Não consigo entender porque não foi mais pela seleção, mas bem que podiam chama-lo para jogar a Copa do Brasil no ano que vem. Duvido que entre os 22 convocados, não haveria espaço para ele.

Agora no Botafogo, aos 37 anos, ainda corre feito um garoto, mas nem precisava, pois ele conhece todos os atalhos do campo e sabe muito bem aonde a bola vai estar antes dos outros e também sabe que quem tem que correr feito louco pelo campo é a bola.

Seedorf talvez tenha vindo ao Brasil só para encerrar sua carreira, mas tem feito tanta coisa bonita que pode aguardar mais um pouquinho pelo seu crepúsculo, pois até artilheiro, o holandês está conseguindo ser.

Reconheço que não conhecia todas as suas virtudes e queria ressaltar uma que achei extraordinária que vi pela TV recentemente.

Ano retrasado, na semifinal da liga europeia contra o forte Barcelona, que marca por pressão no campo todo. Todas as vezes que davam a blitz, apertando Seedorf para tomar-lhe a bola, não conseguiam, pois ele protegia-a, driblava os marcadores com calma ou então sofria a falta, mas em nenhuma delas, ele perdeu a redonda, aquilo foi uma aula de futebol,

Que bom que agora ele está aqui no Brasil (re) ensinando essas coisas que muitos de nós andávamos meio esquecido.

Seedorf é jogador do Botafogo, mas também é de todas as torcidas.

Seedorf é craque e ponto final.

 

Um forte abraço
Serginho5Bocas