Batendo Boca com o 5Bocas

quarta-feira, maio 01, 2013


ELEIÇÕES DIRETAS PARA TÉCNICO DA SELEÇÃO

 
Taí um cargo no Brasil que deveria ter eleições diretas para escolhermos o melhor candidato.

No Brasil todo mundo se acha quando o assunto é futebol, só porque já ganhamos 5 Copas do Mundo, acreditamos ser o berço do futebol e todo ser brasileiro pensa que é técnico de futebol, quando chega a Copa do Mundo então nem se fala, aparece um monte de gato mestre e haja ouvido para aturar.

Agora o triste desta história é que com tantos técnicos pelo Brasil, sejam eles taxistas, barbeiros, jornaleiros, apontadores de bicho, donos de bar e outros mentirosos de plantão, porque não escolhemos o melhor para treinar a seleção do País?

Desconheço o processo de seleção do técnico em outros países, mas posso garantir que aqui não é justo.

Temos uma meia dúzia de” paneleiros” que se revezam na hora de roer o “osso” e não deixam caras novas tentar a sorte. Treinadores que já sentiram o gosto de ir a uma Copa do Mundo, ás vezes duas, três, sei lá, e não se cansam da “teta”, o negócio deve ser bom pra caraiú... 

Queria ver outros ventos soprando, gente com novas idéias, arriscando mais, trazendo coisas novas e resgatando boas velhas, mas não deixam.

O Brasil de 1970 para cá teve vários (alguns repetidos) técnicos em Copa do Mundo, mas dessa turma toda, só tiro o meu chapéu para o Telê.

Telê foi o único cara que conseguiu mostrar ao mundo o que o Brasileiro quer ver no futebol e é capaz de produzir em campo. Apresentou um jogo bonito e simples, buscando o gol a todo o momento e sem grandes esquemas, só jogo de bola e isso incomodou muita gente. 

Como Telê teve duas chances e não ganhou, “eles” aproveitaram para retomar o timão e se perpetuar. Os mais novos não conseguem entender como um perdedor como Telê pode ser tão lembrado e adorado por quem tem mais de 40 anos.

Queria pedir um plebiscito, urnas, votos, exercer a democracia e que deixassem-nos votarmos para treinador da seleção brasileira.

Poderíamos escolher diretamente se queremos Felipão, Parreira, Murici, Mano Menezes, Vanderlei Luxemburgo, Cuca, Abel, Paulo Autuori, Osvaldo de Oliveira entre outros...

Assim, pelo menos, teríamos mais paciência com o escolhido e dividiríamos a culpa nos fracassos e claro, a alegria da escolha certa em caso de êxito.

Que tal?

Eu como não sou baú, não guardo nada, então aviso que hoje meu voto seria dividido entre dois candidatos: Murici pelo que conquistou nos últimos anos e Cuca pela alegria de suas equipes, apesar da pouca sorte para ganhar títulos.

Agora só para lembrar: Mano Menezes foi derrubado justamente quando parecia estar começando a fazer o time jogar, uma pena!

A turma lá da caserna, não larga o osso e já fez filhotes...isso não acaba nunca!

 

Um forte abraço
Serginho5Bocas
sergio5bocas@gmail.com


 

 


PELADA DE VERDADE – Capítulo X
Jura 3x0 ... três gol meu



Galera do time do 5bocas chegando de mais um jogo e o seu Tião pergunta para nós de dentro do bar:

- E ai rapaziada, quanto foi o jogo?

De bate pronto como de costume, emenda Jura

- três a zero... três gol meu! (sic)

Não tinha jeito, o cara era bom de bola, fominha e como vocês podem atestar, humilde. Esse era o Jurandir, o Basílio das 5bocas.

Essa histórinha ai em cima foi um "couverzinho", só um aperitivo do que a gente passava, abaixo segue uma mais longa das desventuras que o Jura aprontava conosco:


Fernando, nosso goleiraço, só marcava jogo complicado e não seria diferente daquela vez. O jogo era em Comendador Soares. O lugar era longe e feio pra caraiú rapaz. Todo mundo duro, ninguém tinha carro, antão vamos de trem que é mais rápido. Rápido era só força de expressão, porque era depois de Morro agudo e o campo margeava a Dutra.

Descemos na estação e parecia aqueles filmes de bang-bang antigos, aqueles fenos voando e o vento uivando. Partimos seco para jogar e andamos muito e quando vi estava dentro de uma favela e nem sei mais se já tinha cruzado a fronteira com outro país, só sei que estava perdidão.

De repente vimos um belo campo com ovelhas aparando a grama e algumas vacas na lateral, muita bosta de cavalo, mas o gramado era lindo, oba!

De tanto andar, já chegamos aquecidos e os caras no campo nos esperando. Só deu tempo de colocar o uniforme correndo e pronto. Começa o jogo e abrimos rápido 2x0, um chocolate.

Ai o Jurandir começa a querer brincar, dar lençol, canetinhas, chegar na linha de fundo e voltar com a bola, uma festa. Sem falar que tinha a mania de falar muito e sempre provocando os adversários. O cara era perigoso em todos os sentidos.

O caldo engrossou, os caras foram ficando irritados e começaram a baixar o cacete. Não parava de chegar gente e encostar na lateral do campo, intimidando nosso time que era só de garotos, o mais velho tinha uns 20, era todo mundo adolescente e inexperiente.

Fui ficando preocupado e pedi ao Jura para ficar na dele, pois pressentia que alguma coisa ruim poderia acontecer ali. Fomos tirando o pé do acelerador e das divididas e literalmente deixando os caras fazer gols, tudo em nome de nossa segurança.

Jogo encerrado 5x2 para os caras, eles zoando a gente e a gente abraçando eles, dando parabéns e loucos para sair dali.

Só que ainda tivemos que pagar uns caldos de cana, que por sinal estava quente, para a alegria dos vendedores da favela.

Depois de andar muito, sair da favela, do lugar e entrar no trem em silêncio e se dar conta que já estávamos perto de Deodoro, ou seja, em segurança, é que conseguimos dar boas gargalhadas daquele inferno e xingar o Jurandir de tudo que era nome, foi um verdadeiro sufoco.

Jurandir era assim, fazia muita besteira e a gente sempre segurava a onda.

O cara era bom pra cacete, jogava muito. Tinha uma velocidade espantosa e ao mesmo tempo que corria espantosamente, carregava a bola próxima ao pé com muita habilidade e técnica.

Jura foi um dos poucos caras que vi jogar futebol de salão e campo bem. Ele conseguia trazer a habilidade do jogo em espaço curto das quadras para o latifúndio que era o campo de 11, sem perder muitas de suas características.

Jura tinha a antevisão da jogada do gol. Fazia muitos gols fáceis, que na verdade, nem eram tão fáceis assim, ele é que fazia o gol parecer banal, pela sua excelente colocação e percepção do desfecho do lance, sempre se antecipando aos zagueiros e goleiros.

Tenho saudades da nossa jogada preferida. Eu lançava do meio, ela (a bola) morria lá na frente por sobre o lateral, ele balançava o zagueiro e a rede também e em geral, quando não era gol eu tinha um pênalti para bater.

Ô tempo bão!


Um forte abraço
Serginho5Bocas
sergio5bocas@gmail.com