Batendo Boca com o 5Bocas

terça-feira, junho 19, 2012

REGISTRO DE PATENTES NO FUTEBOL


Se no futebol existisse um órgão nos moldes do INPI, provavelmente o Brasil seria o líder de patentes. Até que me provem o contrário, foi por essas bandas que se viu pela primeira vez a maioria das jogadas e gols mais espetaculares que o planeta já se encantou.

Pra começar a conversa vou falar de uma jogada que é mal vista pelos torcedores, mais teve seu maior executador aqui no Brasil, o “chute de bico”, especialidade do jogador Feitiço, que sabia tanto desta técnica que até o “sem pulo” era dado com esta parte do pé sem nenhum pudor, segundo o mesmo, para pegar mais força e precisão. Não dá pra afirmar que ele inventou as duas jogadas, mais ninguém fez mais gols deste tipo do que Feitiço, atacante do Santos.

A “bicicleta” que alguns dizem ter sido inventada pelo desconhecido jogador brasileiro Petrolino de Brito, foi imortalizada e ganhou fama nos pés do homem borracha, o Diamante Negro ou Leônidas da Silva, que apresentou a jogada em 1932 ainda pelo Bonsucesso, mas foi na Copa de 1938 que ele deixou todos espantados ao executar a jogada e ter o gol anulado equivocadamente.

Didi, o mestre, foi outro que se notabilizou pela classe e categoria e é claro pela sua invenção, a “folha seca”. Didi cobrava a falta da entrada da área com um chute em que a bola subia por cima da barreira e caia rapidamente cheia de efeito enganando o goleiro.

Rivelino foi o rei do “elástico”, aquela jogada em que ele levava a bola para um lado com a parte externa do pé e quando o adversário se movimentava para o lado indicado, ele trazia a bola de volta com a parte interna, enganando o marcador. Ele mesmo diz que não inventou a jogada, mas sim Sergio Echigo, um companheiro de clube, mas foi Riva certamente quem trouxe o drible para o mundo do futebol.

Pelé não ficou famoso por ter inventado uma jogada especificamente, mas sim pelo conjunto da obra, ou seja, porque aperfeiçoou várias delas. A bicicleta do rei era a perfeição, sua cabeçada era primorosa, desde a subida, depois a testada seca de olho aberto e quase sempre em direção ao chão, dificultando a vida dos goleiros. Entretanto, foi na Copa de 70 que Pelé se superou, exibindo jogadas inéditas, tiradas da cartola, que tiravam o fôlego de quem via. Seu quase gol num chute do meio de campo contra a Tchecoslováquia foi fantástico, seu drible sem bola no goleiro do Uruguai foi fenomenal e ainda contra o mesmo Uruguai, Mazurcwieviski bate o tiro de meta e sem deixar a bola bater no chão, Pelé devolve de voleio, obrigando o goleiro a uma defesa inesperada, sem falar da cabeçada de manual que obrigou a Banks fazer a maior defesa da Copa de 1970. Até quando Pelé não fazia o gol era belo, o criador e suas criaturas podem ser vistas nos links abaixo:

Cabeçada e super defesa de Gordon Banks
os 3 quase gols em 1970

Tivemos ainda a felicidade de ver o surgimento de uma das mais belas jogadas conjuntas do futebol, a “tabelinha”, que teve em Pelé e Coutinho sua mais famosa combinação de todos os tempos. Os dois enfileiravam adversários com suas tabelas em alta velocidade e eram tão parecidos fisicamente e em termos técnicos que confundiam qualquer defesa. Falcão e Escurinho também fizeram uma “tabelinha” histórica na semi final do brasileiro de 1976 contra o Atlético Mineiro, coisa de almanaque:

Sócrates consagrou a jogada de “calcanhar”, até gol ele marcou desta forma, era uma saída inteligente para as situações mais difíceis. Zico, seu grande parceiro, já no final da carreira fez um gol “escorpião”, uma “chilena” com o corpo paralelo ao solo, pelo Kashima Antles que seria quase impossível contar para um cego.



E quem é que não lembra da “lambreta” que Kaneco, o ponta do Santos, imortalizou e é copiada até hoje como um dos mais sensacionais dribles do futebol.


No exterior vale citar a “cavadinha” de Panenka da Tchecoslováquia na final da Copa Européia de seleções, bem copiada por Djalminha e Loco Abreu mais recentemente, também tem a “carretilha” ou em francês “roulete” de Zidane e o antológico gol “olímpico” feito de uma cobrança de córner direta, dizem que um jogador argentino chamado Cesáreo Onzari fez o gol na celeste uruguaia logo após eles terem conquistado o ouro nas Olimpíadas, daí a fim de ironizar os rivais urugiuaios, surgiu o nome de batismo da jogada. 

Foram muitas as jogadas inventadas sem conhecermos o autor da proeza, belas artes como o famoso “Drible da vaca”, o “lençol”, a “caneta”, a batida de “3 dedos” ou “trivela”, entre tantos outras jogadas maravilhosas que fizeram o futebol brasileiro se distinguir do mundo, com sua arte peculiar, que encantou e ainda (raramente) encanta platéias do mundo inteiro.

Aqui fica minha homenagem a este esporte que sou apaixonado.


Um forte abraço
Serginho5Bocas