ESPINHA DORSAL
26 de fevereiro 2014
Toda grande equipe de futebol tem o que chamamos de “espinha dorsal”, ou
seja, um grupo seleto de jogadores dentro do grupo todo, que pode ser destacado
pelas competências técnicas, pela liderança ou pela identificação com os
colegas, torcida e dirigentes e é a partir desta seleção natural que se forjam
as grandes equipes, os grandes esquadrões.
Para exemplificar elegi 3 (três) seleções brasileiras de diferentes
épocas para efetuar uma comparação e entender melhor o assunto. As seleções de
1970, de 1982 e a campeã da última Copa das Confederações de 2014.
Na de 70, Pelé era o expoente, o craque, mas a espinha era composta por Félix,
Carlos Alberto, Brito, Gerson e Pelé no quesito liderança e experiência, enquanto
Clodoaldo, Gerson, Jairzinho, Rivelino, Pelé e Tostão ditavam a parte técnica.
O grupo era extremamente técnico, raçudo e tinha nada mais do que Pelé entre
seus integrantes.
Um exemplo claro desta liderança dentro do campo, foi no jogo contra o
Uruguai, quando o Brasil perdia por 1x0 e Gerson combinou uma mudança de
posicionamento com Clodoaldo, sem a anuência de Zagalo, que permitiu ao volante
do Santos fazer o gol de empate que daria fôlego e tranquilidade para a virada
por 3x1 no segundo tempo, espantando de vez o fantasma de 50 e classificando
para a final.
Já em 82, tínhamos Leandro, Junior, Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico e
Edér como os líderes técnicos e Valdir Perez, Oscar, Junior, Falcão, Sócrates e
Zico compondo o lado da experiência daquele grupo. Outro grupo de muita
qualidade técnica e de alto nível intelectual.
Aqui o grande exemplo é no próprio estilo de jogo. Por ter na equipe
vários jogadores que eram capitães em suas equipes e que buscando a conquista
inédita se despiram de qualquer vaidade, os jogadores raramente davam um drible,
pois a máxima era dar um ou dois toques na bola e sempre verticalmente,
acelerando com qualidade a transição da bola entre a defesa e o ataque. É
aquela tal coisa: se você vê os melhores se doando, se pergunta: o que eu posso
fazer para ajudar também?
No grupo de 2014, a marca ou talvez a cara do time que ficou em nossas
mentes, foi muito mais do Felipão do que da espinha dorsal, que poderíamos
destacar da seguinte forma: em relação a parte técnica destaque natural para o Thiago
Silva, para o Marcelo e um pouco acima de todos, Neymar. Já em relação a
experiência, Julio Cesar, Dani Alves, Fred e Thiago Silva são os representantes
naturais.
O legado deste grupo é o comprometimento de todos e um estilo de jogo
que teve de ser cunhado em pouco tempo (por Felião) e que deu certo. Onde se
viu uma sensível melhora no toque de bola e uma marcação em todo o campo,
sufocando a Espanha na final da Copa das Confederações.
As três equipes tinham suas virtudes e defeitos, mas todas tinham sem
sombra de dúvida, sua “espinha dorsal” suportando a coletividade e sobrepondo
as individualidades.
Um
forte abraço
Serginho5Bocas