O RACISMO NO FUTEBOL
Volta
e meia vemos demonstrações explicitas de racismo em campos de futebol. A última
que me lembro foi num jogo recente do Milan, quando o meia ganês/alemão Boateng
chutou a bola para a arquibancada e depois se retirou do campo após sofrer manifestações
racistas de parte da torcida em um amistoso, acompanhado logo em seguida por
todo o time, numa clara demonstração de respeito e indignação, apoiando um amigo,
colega de trabalho, mas principalmente, um ser humano.
Essa
foi mais uma cena lamentável que seria preferível esquecer, mas que não devemos
em hipótese alguma, muito pelo contrário, as autoridades deveriam investigar e
reconhecer os responsáveis e repreende-los em público para que servissem de
exemplo, a fim de evitar novos casos.
Ocorre
que em sua grande maioria, essas mesmas autoridades que deveriam tomar as providências,
se lixam para este assunto e os eventos prosseguem ocorrendo amiúde.
Infelizmente as manifestações racistas não ocorrem somente nas arquibancadas
como podemos constatar em outras áreas do esporte bretão.
Vejam
o caso emblemático do Brasil: alguém poderia me ajudar e citar quantos negros
são comentaristas de futebol na televisão? Não conheço nenhum, isso mesmo, nenhum!
E em relação aos técnicos das grandes equipes de futebol brasileiras: quantos
técnicos negros comandam as equipes nacionais da primeira divisão? Nenhum!
Poderia
citar Vanderlei Luxemburgo e Celso Roth como exemplos mais próximos, mas estão bem
longe de caracterizar a raça negra.
Para
se ter uma ideia da gravidade do assunto, Andrade, aquele ex jogador do
Flamengo que é um dos recordistas de títulos brasileiros como jogador, venceu
também o mesmo campeonato como técnico em 2009 pelo Flamengo, após ter assumido
a equipe na 14ª colocação, numa arrancada espetacular sob seu comando,
motivando o grupo e ajustando a equipe até encontrar a melhor forma de jogar.
A
verdade dolorosa desta história é que o que seria um comando provisório, foi
engrossando o caldo e mesmo sob a total desconfiança da própria diretoria
flamenguista, deu o último título de expressão da gávea em muitos anos. Daí ficava
cada vez mais difícil se livrar dele, mas no primeiro suspiro de crise, foi demitido, deixando o flamengo classificado na
libertadores.
O
pior desta historia toda é que o racismo não ficou restrito aos muros da gávea,
Andrade não conseguiu trabalho em nenhum time grande nem médio do futebol
brasileiro, enquanto muitos colegas seus (brancos) que nem sequer venceram a competição,
se mantém firmes e com as vossas empregabilidades em dia.
É duro
constatar que hoje, em pleno século XXI ainda temos que conviver com os resquícios
e práticas de 2 séculos atrás.
Um
forte abraço
Serginho5bocas