Batendo Boca com o 5Bocas

sábado, janeiro 26, 2013


O RACISMO NO FUTEBOL
 

Volta e meia vemos demonstrações explicitas de racismo em campos de futebol. A última que me lembro foi num jogo recente do Milan, quando o meia ganês/alemão Boateng chutou a bola para a arquibancada e depois se retirou do campo após sofrer manifestações racistas de parte da torcida em um amistoso, acompanhado logo em seguida por todo o time, numa clara demonstração de respeito e indignação, apoiando um amigo, colega de trabalho, mas principalmente, um ser humano.

Essa foi mais uma cena lamentável que seria preferível esquecer, mas que não devemos em hipótese alguma, muito pelo contrário, as autoridades deveriam investigar e reconhecer os responsáveis e repreende-los em público para que servissem de exemplo, a fim de evitar novos casos.

Ocorre que em sua grande maioria, essas mesmas autoridades que deveriam tomar as providências, se lixam para este assunto e os eventos prosseguem ocorrendo amiúde. Infelizmente as manifestações racistas não ocorrem somente nas arquibancadas como podemos constatar em outras áreas do esporte bretão.

Vejam o caso emblemático do Brasil: alguém poderia me ajudar e citar quantos negros são comentaristas de futebol na televisão? Não conheço nenhum, isso mesmo, nenhum! E em relação aos técnicos das grandes equipes de futebol brasileiras: quantos técnicos negros comandam as equipes nacionais da primeira divisão? Nenhum!

Poderia citar Vanderlei Luxemburgo e Celso Roth como exemplos mais próximos, mas estão bem longe de caracterizar a raça negra.

Para se ter uma ideia da gravidade do assunto, Andrade, aquele ex jogador do Flamengo que é um dos recordistas de títulos brasileiros como jogador, venceu também o mesmo campeonato como técnico em 2009 pelo Flamengo, após ter assumido a equipe na 14ª colocação, numa arrancada espetacular sob seu comando, motivando o grupo e ajustando a equipe até encontrar a melhor forma de jogar.

A verdade dolorosa desta história é que o que seria um comando provisório, foi engrossando o caldo e mesmo sob a total desconfiança da própria diretoria flamenguista, deu o último título de expressão da gávea em muitos anos. Daí ficava cada vez mais difícil se livrar dele, mas no primeiro suspiro de crise, foi  demitido, deixando o flamengo classificado na libertadores.

O pior desta historia toda é que o racismo não ficou restrito aos muros da gávea, Andrade não conseguiu trabalho em nenhum time grande nem médio do futebol brasileiro, enquanto muitos colegas seus (brancos) que nem sequer venceram a competição, se mantém firmes e com as vossas empregabilidades em dia.

É duro constatar que hoje, em pleno século XXI ainda temos que conviver com os resquícios e práticas de 2 séculos atrás.


Um forte abraço
Serginho5bocas