ISONOMIA FINANCEIRA DE GÊNEROS NO FUTEBOL
Tenho
ouvido muito se falar em isonomia, em igualdade de vencimentos, entre homens e
mulheres no futebol e numa análise simplista, sem estudos mais aprofundados e tentando
ser justo, eu também diria que está correto, mas só que no mundo real não funciona
bem assim, pois o justo nem sempre é o que ocorre quando entra em ação a mão
invisível do mercado.
Gregory
Mankiw, em seu livro de grande sucesso, “introdução a economia”, ele que é
professor de economia em Harvard e que já vendeu aproximadamente 42 milhões de
dólares com este “best sellers” e outras publicações, explica com muita
propriedade que a banda não toca bem assim, então vamos conferir o que ele diz:
Segundo
ele, o maior jogador de basquete da NBA ganha muito mais do que o maior jogador
de xadrex, porque ele se paga e o outro não. Ele quer dizer que o basquete é um
esporte que vende cotas caríssimas de transmissão para tv aberta e fechada (“pay-per-view”),
publicidade estática nas quadras, produtos do clube como camisas, tenis, bonés
e shorts, ingressos físicos para jogos, comida e bebida nos bares dos ginásios,
valores astronômicos de patrocinadores individuais para os atletas, entre
outros valores, tudo em função das estrelas do show, os jogadores da liga. Já o
esporte e os jogadores/mestres do xadrez, não vendem nada parecido, ficam a léguas
disso, ou seja, não conseguem atrair e monetizar com o seu público, com a mesma
capacidade dos aficionados do basquete, simples assim.
Dessa
forma, fica fácil concluir porque o maior jogador de basquete, ganha muito mais
do que o maior jogador de xadrex, não porque ele quer ou porque alguém cismou e
deu uma canetada, mas porque um esporte tem muito mais atratividade comercial
do que o outro, apenas isso, gostem ou não.
Quando
a gente vê grande parte da mídia massificando a ideia de que as jogadoras de
futebol feminino deveriam ganhar igual aos jogadores, deveriam também explicar como
fazer isso. Esses iluminados do sei tudo quando não estou lá, deveriam explicar
qual a engenharia financeira seria utilizada, pois do contrário, fica parecendo
que as coisas são assim por puro machismo, preconceito ou falta de bom senso de
quem conduz as duas modalidades, que por sinal é a FIFA.
Por
falar nisso, mesmo considerando o atraso histórico, a FIFA vem fazendo esforços
recentes para melhorar e reduzir estas diferenças, com algumas mudanças na
forma de remunerar os países que participam da copa do mundo de futebol feminino,
no intuito de igualar os valores das duas modalidades. Isso não quer dizer que
as duas modalidades se pagam igualitariamente, mas é um esforço para provocar
essa equidade no longo prazo.
Outra
iniciativa interessante foi criada no Brasil. A CBF obrigou os clubes que
participam do campeonato da série A do brasileiro, inscreverem no seu
campeonato, suas versões de times femininos. A partir desta ação, já se pode
ver um crescimento no número de jogadoras atuando aqui no Brasil, um crescimento
da competitividade, interesse do público em assistir pela televisão e outras
mídias, uma melhora visível da competição como um todo, mas mesmo assim, ainda
existem muitos pontos de melhoria, como por exemplo as escolinhas dos clubes,
que até onde eu sei, grande parte deles, talvez a sua totalidade, não tem
categorias de base. Então como as meninas podem se desenvolver no esporte?
Vamos
fazer um exercício simples para avaliar uma outra ponta da corda: Nos últimos
10 anos, no mundo das passarelas, existe algum homem que teve vencimentos igual
ou perto da Gisele Bundchen, Kendall Jenner ou Adriana Lima? Fiz uma pesquisa
rápida para este artigo e descobri que o modelo mais bem pago, o dinamarquês
Tobias Sorensen, não ganha nem 5% do que ganha uma modelo feminina de ponta,
então podemos concluir que a tese do Mankiw tem fundamento, certo?
Não
dá pra mudar tudo e igualar de uma hora para a outra o salário da Marta com a
do CR7, nem sei se dá para fazer isso algum dia, pois não é como uma lei, que
será possível fazer as pessoas gostarem igual das duas modalidades e gastar seus
recursos, de forma igualitária nas duas, mas muito se pode fazer para reduzir
as diferenças.
Temos
que ter muito cuidado, para não ficar parecendo que estamos querendo impor uma
ideia para todo mundo, pois afirmar que as diferenças ocorrem, pura e
simplesmente por conta do gênero, é um argumento pra lá de frágil. Seguir nessa
linha é alimentar o risco, da ideia morrer na origem, então o que fazer?
O
que precisa ser feito é trabalhar duro, para melhorar a estrutura da base
feminina, para que surjam muitas novas jogadoras, criar mecanismo para atrair e
reter o público, massificar nas escolas o esporte, entre outras iniciativas,
mas isso é muito desafiador e considerando o povo que toma conta disso, não sei
não.
Já
passamos da hora de mostrar para as novas gerações, que tudo que parece ser
injusto, não se resolve com protestos e canetadas. Que tal, usar de bom senso e
ensiná-los como funciona a vida real, cheio de durezas, injustiças e fatores
que não temos a menor ingerência, como a questão de mercado muito bem retratada
e comprovada com fatos e dados, pelo economista Mankiw.
Fica
a dica!
Forte
abraço
Serginho
5bocas